A história das Religiões de Matriz Africana no Brasil é marcada por trajetórias de sacerdotes e sacerdotisas que, ao longo das décadas, transmitiram e preservaram fundamentos sagrados. Entre esses episódios, destaca-se a movimentação de importantes assentamentos de Òrìṣà da Bahia para o Rio de Janeiro, no contexto da atuação de Valdomiro Baiano.
De acordo com relatos de tradição oral, Valdomiro Baiano se apossou do Ìrókò de Maria Bernarda da Paixão — conhecida como Ìyá Adébólú ou Maria do Violão — e também da Ọ̀ṣun de Tio Firmo.
O Ìrókò, originalmente consagrado a Ìyá Adébólú, passou a ser cultuado por Valdomiro sob o nome de Olóòròkè, versão que permanece até hoje entre os adeptos do Terreiro do Parque Fluminense, no Rio de Janeiro.
Já a Ọ̀ṣun de Tio Firmo foi entregue a uma mulher de Ọya chamada Kita, quando Valdomiro realizou a obrigação de 21 anos dela, momento em que também modificou o àṣẹ daquela casa, estabelecendo uma nova organização de culto.
Outro fundamento de relevância, o Jagun de Ìyá Matilde de Jagun, encontra-se atualmente em Salvador, sob a guarda dos filhos carnais de Ìyá Noélia, preservando assim a continuidade da tradição na cidade onde foi consagrado.
Esses registros revelam não apenas os caminhos percorridos pelos Òrìṣà e seus zeladores, mas também a riqueza e a complexidade da herança ancestral que sustenta as casas de Axé no Brasil.
