NOTA PÚBLICA

O mês de agosto é marcado por fortes tradições do Sagbejé, Olubajé e Kukuana, em louvor a Omolú, Obaluaiyê, Ajunssun, Azoany, Kavungo, N’sumbu, entre outros Orixás, Voduns e Minkisi.

No dia 16 de agosto, data em que a Igreja Católica celebra São Roque — santo que, no sincretismo religioso, se confunde com divindades afro-brasileiras — os terreiros realizam cortejos de fé, cultura e resistência.

Nesses rituais, candomblecistas e umbandistas saem às ruas com balaios e tabuleiros de pipoca, conhecida como “a flor do velho”, distribuindo alimento, saúde e banhos de axé à população. Esse gesto simples, mas profundamente simbólico, materializa não apenas a devoção, mas também a resistência histórica do Povo de Santo, que enfrenta há séculos o peso cruel dos crimes de intolerância religiosa.

As perseguições atravessaram períodos:

  • a escravidão,
  • as décadas de repressão policial,
  • e, infelizmente, ainda hoje — mesmo de forma camuflada — seguem existindo.

Em 2025, acompanhamos mais um Sagbejé realizado pelo Ilê Asé Ewé Lafé, sob a liderança de Nilton Ty Ossayn, omon kekerê (filho pequeno). Na ocasião, também participou Humbertinho (Tombalêcy), filho biológico do sacerdote e Otun Oníjá do Terreiro Tuntun Olukotun, que saiu em obrigação às ruas, ofertando a flor do velho e espalhando saúde e axé por onde passou.

Infelizmente, ainda que em pequena quantidade, houve tentativas de ataques verbais por parte de fanáticos religiosos. Esses atos não nos intimidam — apenas revelam o quão urgente é reforçar a luta contra a intolerância e o ódio religioso.

De cabeça erguida, cobertos pelas palhas sagradas de Omolú, seguimos em contrição e respeito, certos de que os Orixás, Voduns e Minkisi ficaram satisfeitos com nossas oferendas e cânticos.

Quanto àqueles que ousaram afrontar nossa fé, entregamos todos ao Tempo, o grande Juiz do Universo:

“O Tempo dá, o Tempo tira, o vento passa e a folha vira; tudo no Tempo tem seu Tempo. Êlá Kitembu, êlá kompasa; Tempoo!”

Reafirmamos: Respeitem nossa Fé!
Com muito orgulho, somos do Candomblé!

Atotô Babamy Omolú 🙏🏿
Kiuá Tat’etu Kavungo 🙏🏿

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